quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

JORNALISMO NA INTERNET - Planejamento e produção da informação on line

RESUMO DO LIVRO DE J.B. PINHO


ARPAnet - Os primórdios da Internet

A rede antecessora da Internet foi formada inicialmente pela conexão de computadores de quatro hosts, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), do Stanford Research Institute (SRI), da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (UCSB) e da Universidade de Utah.
Os pesquisadores e cientistas envolvidos no projeto puderam começar a tarefa de identificar os principais problemas a serem resolvidos para que os computadores da rede fossem capazes de se comunicar entre si. Em primeiro lugar, era prioritário estabelecer conjuntos de sinais previamente determinados que abrissem os canais de comunicação, permitissem a passagem dos dados e, em seguida, fechassem os mesmos canais, padrões que foram chamados de protocolos.
O Transmission Control Protocol (TCP) e o Internet Protocol (IP) oferecem 4 bilhões de endereços diferentes e utilizam uma arquitetura de comunicação em camadas, com protocolos distintos cuidando de tarefas distintas. Ao TCP cabia dividir mensagens em pacotes de um lado e recompô-los do outro. Ao IP cabia descobrir o caminho adequado entre o remetente e o destinatário e enviar os pacotes. A ARPAnet adotou progressivamente o TCP/IP, que funcionou em paralelo com o NCP, até o dia 1º de janeiro de 1983, quando cada máquina conectada com a ARPAnet teve de passar a usar o novo conjunto de protocolos TCP/IP.
Os grupos de discussão multiplicaram-se rapidamente e a Usenet (grupos de discussão em que os leitores podiam compartilhar informações, ideias, dicas e opiniões) passou a utilizar cada vez mais a ARPAnet como principal canal de distribuição, o que obrigou à criação de mais um protocolo de transmissão próprio, o Net News Transfer Protocol (NNTP). Outra inovação aconteceu em 1980, com a formação da Because It’s Time Network (Bit-net), uma rede acadêmica da City University de Nova York, com conexão à Universidade de Yale, que utiliza sistemas de correio eletrônico e um mecanismo conhecido como “listserv”, que permitia aos usuários publicar artigos e subscrever mailing list especializadas em determinados assuntos enviado mensagen para um servidor de listas.

Web – a teia de alcance mundial

A web é provavelmente a parte mais importante da Internet e, para muitas pessoas, a única parte que elas usam, um sinônimo mesmo de Internet. Mas a World Wide Web é fundamentalmente um modo de organização da informação e dos arquivos na rede. O método extremamente simples e eficiente do sistema de hipertexto distribuído, baseado no modelo cliente-servidor, tem como principais padrões o protocolo de comunicação HTTP, a linguagem de descrição de páginas HTML e o método de identificação de recursos URL.
Em 1992, a Internet ultrapassou o número de um milhão de hosts e mais 13 países ligavam-se a ela: Antarctica, Camarões, Chipre, Equador, Estônia, Kuwait, Letônia, Luxemburgo, Malásia, Eslováquia, Eslovênia, Tailândia e Venezuela. A Internet Society é constituída como organização internacional para coordenar a Internet, suas tecnologias e aplicativos, tendo como um dos seus órgãos o Internet Arquiteture Board (IAB), um grupo voltado à supervisão e manutenção dos protocolos TCP/IP.
Em 1993, os meios de comunicação e o mundo dos negócios descobrem a Internet, enquanto a ONU inaugura sua página na rede, no endereço HTTP://www.un.org. a Casa Branca monta o seu site HTTP://www.whitehouse.gov e divulga o endereço eletrônico do presidente dos Estados Unidos (president@whitehouse.org). Os indicadores são espantosos: o tráfego na www cresce a uma taxa anual de 341,64%. O número de hosts da Internet dobra em um ano, atingindo 2 milhões em 1993, ocasião em que se conectam à rede a Bulgária, Costa Rica, o Egito, Fiji, a Indonésia, o Casaquistão, Quênia, Liechenstein, o Peru, a Romênia, a Rússia, a Turquia, a Ucrânia e as Ilhas Virgens.

Diferenças da Internet em relação à mídia tradicional

Os aspectos críticos que diferenciam a rede mundial das mídias tradicionais são a não-linearidade, fisiologia, instantaneidade, dirigibilidade, qualificação, custos de produção e de veiculação, interatividade, pessoalidade, acessibilidade e receptor ativo.

Jornalismo como processo social e como atividade profissional

No desempenho de suas tarefas, o jornalista percorre as quatro etapas básicas da atividade jornalística, assim descritas por Ward:
• identificar eventos, fatos, experiências ou opiniões que possam ser de interesse do seu leitor ou de determinada audiência;
• coletar as informações necessárias para desenvolver a ideia inicial e para verificar sua exatidão e relevância para o leitor;
• selecionar do material coletado as informações que forem de maior valor e interesse para o leitor; e
• ordenar e apresentar a matéria com total precisão e veracidade, de modo que informe, estimule ou entretenha o seu leitor.


Conceito operacional de jornalismo digital

As tecnologias de comunicação periodicamente resultam em significativas transformações na sociedade e causam grandes mudanças de hábitos e comportamentos. Cada um no seu tempo, o telégrafo, o telefone e o aparelho de fac-símile deixaram suas marcas no comércio, na vida profissional e no nosso cotidiano. Agora chegou a vez da Internet, oferecendo amplos recursos técnicos e um novo suporte para as diversas atividades.
Segundo Elias Machado Gonçalves, “o jornalismo digital é todo produto discursivo que constrói a realidade por meio da singularidade dos eventos, tendo como suporte de circulação as redes telemáticas ou qualquer outro tipo de tecnologia por onde se transmita sinais numéricos e que comporte a interação com os usuários ao longo do processo produtivo”.
O jornalismo digital diferencia-se do jornalismo praticado nos meios de comunicação tradicionais pela forma de tratamento dos dados e pelas relações que são articuladas com os usuários.

Regras de etiqueta da Usenet

O assunto de um artigo é a primeira coisa que as pessoas leem e por isso deve identificar corretamente o seu conteúdo, evitando generalidades do tipo “para sua informação” ou “Leia já”. Por sua vez, a adequação do artigo ao tópico em discussão no grupo de discussão é importante que ele desperte o interesse e a atenção. A certeza de que o artigo será lido, comentado e respondido tem como pressuposto inicial a sua conformidade ao assunto do grupo de notícias.
Da mesma maneira que os grupos de discussão, as listas de discussão possibilitam ao repórter monitorar a discussão de diversos assuntos em áreas específicas, podendo ainda nas suas mensagens enfocar ou levantar aspectos de seu interesse profissional nas questões em discussão. Nesse caso, uma recomendação ética sugerida por Nora Paul é que o usuário se identifique como um jornalista.

Formatos do jornalismo digital

O recente surgimento e desenvolvimento da atividade jornalística na Internet, como adverte o jornalista Leão Serva: “ainda espera um conjunto de procedimentos que consolide as diversas novidades impostas pelas características dos novos meios, e, ao mesmo tempo, aponte aquilo que, por ser essencial à atividade jornalística, permanecerá nestes novos meios”.
A primeira iniciativa partiu do Grupo O Estado de S. Paulo, que, em fevereiro de 1995, colocou a Agência Estado na rede mundial. No dia 28 de maio do mesmo, informa Moherdaui, coube ao Jornal do Brasil a primazia de ser o primeiro veículo a fazer uma cobertura completa no espaço virtual, seguido por outros títulos da grande imprensa, como o Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, O Estado de Minas, Zero Hora, Diário de Pernambuco e Diário do Nordeste.
O papel (átomos) vai cedendo lugar a impulsos eletrônicos (bits) que podem viajar a grandes velocidades pelas auto-estradas da informação.

Sites de agências de notícias

A primeira agência de notícias surgiu nos Estados Unidos em 1848, quando representantes de seis jornais resolveram “usar o telégrafo para unificar as coberturas fora da região. Afinal, a tecnologia era cara demais para um único jornal” (Pereira Júnior). Nasceu então a Associated Press (AP), originalmente constituída em forma de cooperativa e que figura hoje entre as cinco agências de informação consideradas mundiais.
No mundo virtual, a empresa multinacional ainda mantém sites sediados em países como Áustria, Canadá, China, Egito, França, Alemanha, Grécia, Índia, Japão, Rússia e Espanha. O site da Reuters Brasil oferece um canal de notícias e de informações financeiras em tempo real e promove a comercialização dos seus produtos e serviços para a mídia (revista, jornal, rádio, televisão e internet) e para as instituições financeiras entregues eletronicamente com som e imagem.

Portais

O conceito de portal, relacionado com a Internet, nasceu no começo de 1998, para designar os sites de busca que, além dos diretórios de pesquisa, começaram a oferecer serviços de e-mail gratuito, bate-papo em tempo real e serviços noticiosos. Hoje os portais são entendidos como todo e qualquer site que sirva para a entrada dos usuários na World Wide Web, a primeira parada a partir da qual os internautas decidem os passos seguintes na rede mundial.

Sites de instituições e empresas comerciais

A forte influência que a mídia exerce sobre todos os outros setores da opinião pública – irradiando e inculcando neles suas atitudes e percepções a respeito da empresa e dos seus produtos e serviços – permite ainda dizer que os jornalistas são os mais multiplicadores dos públicos.
Os sites institucionais e corporativos empregam estratégias e os recursos on line que podem ser úteis para motivar a visita frequente ao site da empresa e ainda fazer os repórteres confiarem em uma informação objetiva e precisa.

Estratégicas e táticas na criação de sites

Os valores estratégicos presentes em um site de acesso são a identidade (relacionada com os esforços de construção da marca), impacto, audiência e competitividade, todos eles importantes a longo prazo.
A identidade encontra-se nos elementos que não somente permitem reconhecer a empresa ou o Publisher, mas deixam saber se o visitante está no seu site, não importando o ponto em que ele se encontra no momento.
O impacto é obtido ao se dar às pessoas algo que possam falar e comentar. A audiência pode ser entendida como um reflexo da capacidade de o site satisfazer ao target pretendido. Competitividade corresponde a características que mantêm o site na frente da concorrência.
Já os valores táticos são imediatamente visíveis nos sites como o design, conteúdo a produção e a utilidade.
Design – conseguir transpor os objetivos para o plano visual.
Conteúdo – matéria-prima do site.
Produção – aplicar os princípios técnicos da linguagem HTML.
Utilidade – fazer coisas dentro do site (participar de enquetes, preencher formulários, etc.).

Interface homem-máquina e usabilidade

Nos sites jornalísticos, os conteúdos organizam-se nos mesmos moldes dos órgãos de imprensa escrita, ou seja, são agrupados nas diferentes editorias, como política, economia, artes, esportes, ciência, educação, etc.
Conceitos de utilidade, facilidade de uso, facilidade de aprendizagem e apreciação.
Utilidade – capacidade que tem uma ferramenta para ajudar a realizar tarefas específicas.
Facilidade de uso – relação direta com a eficiência ou a efetividade, medida como velocidade ou quantidade de possíveis erros.
Facilidade de aprendizagem – medida de tempo exigida para trabalhar com certo grau de eficiência no uso da ferramenta, e para alcançar certo grau de retenção desses conhecimentos no caso de decorrer certo tempo sem o uso da ferramenta ou do sistema.
Apreciação – medida de percepções, opiniões, dos sentimentos e das atitudes gerados pela ferramenta ou pelo sistema.

Regras gerais de usabilidade

Na internet o usuário é quem manda. A qualidade se baseia em rapidez e confiabilidade. Segurança: procure fazer com que tudo funcione como um relógio para que as pessoas possam confiar no seu site. A boa página tem que ser simplificada, reduzida e otimizada. Bons conteúdos: escrever bem é uma arte. Duas regras devem ser seguidas: colocar as conclusões no começo e escrever apenas 25% de texto em relação ao que é normalmente escrito em papel. A leitura na tela é cansativa e mais difícil;por isso, reduza e simplifique tudo que for possível no texto on line.

Navegação no rumo certo

A barra de navegação é o recurso mais comum para orientar e localizar o usuário dentro do site. O mapa é um recurso muito utilizado para mostrar ao visitante o roteiro que ele pode seguir pelo site. Ele constitui em si mesmo mais uma ferramenta de comunicação com o navegante.
Também as ferramentas gráficas de navegação auxiliam grandemente o internauta a sentir-se seguro e aumentam a probabilidade do seu retorno. Por exemplo, botões de retorno de página ou ícones de volta para a home page colocados em cada uma das páginas do site são de grande valia.
André Manta discorre que “há até pouco tempo, a dissociação entre massivo e interativo era clara no âmbito da comunicação. Uma coisa ou outra. O telefone é interativo, mas não massivo, na medida em que é apenas uma extensão tecnológica no diálogo entre dois interlocutores; a televisão, o rádio, as mídias impressas são massivas, porém não interativas. O jornalismo na Internet é, no entanto, massivo e interativo”.
Assuntos polêmicos que geram discussão são os mais adequados para enquetes on line, que não têm o mesmo rigor científico de pesquisas de opinião.

Elementos de design

O design na web conta com alguns elementos essenciais: espaço em branco, combinação de cores, texturas, sequência, proximidade, alinhamento, balanço, contraste entre os elementos e unidade da página.

Espaço em branco

O balanço adequado entre o conteúdo versus espaço em branco é crucial em qualquer peça gráfica. Sem um bom balanço, os olhos ficam confusos, não há uma progressão visual para seguir e o leitor perde o interesse.

Combinação de cores

Além das palavras e das imagens, a cor é um importante elemento funcional. Ela pode intensificar tanto o texto como a imagem. Cor é fundamentalmente emoção e, nesse sentido, ela pode ser imprescindível.

Texturas

O cuidado básico é evitar texturas mais elaboradas pelas limitações da resolução dos monitores de vídeo.

Sequência

Diz respeito à condução do leitor pelos elementos da página. A movimentação pode se inicial a partir de qualquer lugar e depois controlar a sequência de outra maneira: abrindo novos caminhos e demarcando-os com clareza, para que os olhos não se percam.

Proximidade e alinhamento

É preciso estabelecer uma relação entre os elementos nos grupos e entre os grupos, o agrupamento possibilita ainda mostrar a hierarquia no layout e sugerir uma ordem de leitura. Portanto, a mensagem é mais bem transmitida e o acesso à informação é facilitado, pois o leitor se sente mais confortável.


Balanço

O balanço pode ser forma (simétrico) ou informal (assimétrico).
Formal – cada elemento que vai em um lado da página é repetido do outro, seja na horizontal ou na vertical.
Informal – os vários elementos da página se põem com pesos desiguais de um lado e de outro lado, sem ferir a ponderação do conjunto, pois essas partes desiguais são, na verdade, equivalentes entre si.

Contraste entre os elementos
O contraste é vital para conformar de maneira visual as intenções do designer. Quando não há contraste entre dois elementos em uma página, o seu resultado geralmente é insosso.

Unidade da página

A unidade deve ser o resultado natural da composição de todas as partes, de maneira que, visualmente, essas partes constituam um todo agradável e eficiente.

Cuidados especiais com o texto

É preciso preocupar-se com algumas normas de redação mais específicas:
Adjetivos: restringir o uso.
Anos e décadas: escrever por inteiro: 1996.
Aspas: usar quando houver necessidade de se atribuir um enunciado a determinada fonte.
Endereços: escrever por extenso, em caixa alta e baixa.
Evitar clichês ou metáforas elaboradas: o texto fica mais objetivo e facilita o entendimento do ciberleitor.
Horário: madrugada: 0h às 6h; a manhã, das 6h às 12h; 2h10min36s
Modismos: lugares-comuns devem ser banidos do texto, o que vale também preciosismos e formas rebuscadas.
Nomes próprios: evite abreviar.
Números: de um a nove devem ser grafados por extenso. A partir de 11, inclusive, use numerais.
Palavras estrangeiras: podem ser escritas em itálico.
Termos simples: usar termos técnicos apenas em trabalhos científicos, nos demais simplifique os termos.
Pronomes demonstrativos: melhor dar nome às coisas.
Pronomes indefinidos: pronomes devem ser evitados.
Repetições: repetições podem contribuir para a clareza.
Ter em mente leitores internacionais: tomar cuidado com o emprego de metáforas.
Usar verbos com significado preciso em lugar de locuções: escrever “decidir” em vez de “tomar uma decisão”.
Edição é fator de sucesso

Depois de seguir rigorosamente as etapas estabelecidas para o planejamento do conteúdo jornalístico e de produzir a sua história observando cuidadosamente as regras de redação aplicáveis ao seu trabalho, o próximo passo é o que se distingue realmente o bom jornalista: ele retoma novamente seu trabalho – como novos olhos e ouvidos mas com a mesma disposição inicial – para novamente editar, editar, editar!

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